segunda-feira, 1 de março de 2010

Iceberg gigante se desprende da Antártida

Um gigante iceberg, do tamanho de Luxemburgo, se desprendeu da Antártida há duas semanas e seu deslocamento pode alterar as correntes oceânicas em todo o mundo, adverte um estudo publicado na sexta-feira (26).

Apesar do impacto só se manifestar em décadas, uma redução da velocidade de produção de água friae densa poderia provocar invernos mais rigorosos no Atlântico norte, assinalaram os pesquisadores.

O bloco de gelo, de 2.550 km quadrados, se desprendeu em 12 ou 13 de fevereiro da geleira Mertz, um glaciar de 160 quilômetros de comprimento que emerge da Antártida oriental e avança sobre o Oceano Antártico ao sul de Melbourne, informaram os cientistas.

Com uma espessuar média de 400 metros, o iceberg pode perturbar a biodiversidade excepcionalmente rica da região, que inclui uma importante colônia de pinguins imperadores na zona de Dumont d'Urville, onde está a estação científica francesa na Antártida.

O iceberg, de 78 km de comprimento e quase 40 km de largura, com peso estimado de mais de 1 bilhão de toneladas, se desprendeu da geleira de Mertz ao receber o impacto de outro iceberg, conhecido como B9B, a deriva desde 1987.

Tanto os ciclos naturais como a mudança climática provocada pelo homem contribuem para o colapso das geleiras na Antártida.

A maré e as correntes oceânicas batem constantemente nas áreas expostas na geleira, enquanto verões mais longos e temperaturas mais altas contribuem para o desprendimento dos icebergs.

"Obviamente que com o aquecimento das águas as bordas das geleiras se tornam mais frágeis" disse Legrosy, que trabalha no Laboratório de Geofísica e Pesquisa Oceanográfica, na cidade francesa de Toulouse.

A geleira Metz, onde foram instalados sistemas GPS e outros instrumentos de medição, deve proporcionar informação valiosa sobre o desprendimento de icebergs.

"Pela primeira vez temos um registro detalhado do ciclo completo de um desprendimento de iceberg: antes, durante e depois", assinalou o pesquisador.

"Estamos usando a geleira como um laboratório para estudar os processos que poderão ser alterados pela mudança climática, incluindo o desprendimento de icebergs, a temperatura dos oceanos e as flutuações do nível do mar".

Desde que se separou da geleira Metz - do mesmo modo que o B9B - o novo iceberg está flutuando em uma área próxima conhecida como polinia.

Distribuidas por todo o Oceano Antártico, as polinias são zonas que produzem água densa, gelada e rica em sal, que segue para o fundo do mar e dirige as correntes oceânicas como um canal.

Se icebergs como este se deslocam para leste e encalham, ou flutuam para o norte até climas mais quentes, não há qualquer impacto sobre as correntes oceânicas, mas se permanecem nesta área, algo provável, podem bloquear a produção de água densa e recobrir a polinia", explicou Legresy.

A polinia da geleira Mertz é especialmente importante, e representa cerca de 20% da "água do fundo" dos oceanos.

A expectativa de vida de um iceberg depende de seu deslocamento, mas podem durar décadas.

Fonte: Site Ambiente Brasil - 27/02/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário